Investigação Clínica e Genética em Meninas Com Baixa Estatura Idiopática
MARTINS, Rosa R.S.; RAMOS, Hilda I.B.; LLERENA JR., Juan C. e ALMEIDA, José C.C..Investigação clínica e genética em meninas com baixa estatura idiopática. Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2003, vol.47, n.6, pp. 684-694. ISSN 0004-2730.
“CRESCIMENTO APRESENTA UM PADRÃO de herança multifatorial em que interagem fatores genéticos e ambientais. Várias mutações gênicas envolvendo secreção, liberação e resposta ao hormônio de crescimento, fatores de crescimento e seus receptores, secreção e liberação de outros hormônios têm sido descritas associadas à baixa estatura. Anomalias cromossômicas numéricas e estruturais, principalmente as que envolvem os cromossomos sexuais, estão freqüentemente associadas à baixa estatura.” (p.685)
“O conhecimento de que perdas terminais dos braços curtos dos cromossomos sexuais X e Y apresentam baixa estatura como um sinal clínico constante levou vários pesquisadores a concentrarem nessa região a pesquisa de um ou mais genes envolvidos na etiopatogenia da baixa estatura.” (p.685)
“A deficiência completa do gene SHOX, em homozigose, é responsável por uma forma mais rara e mais grave de displasia óssea mesomélica, conhecida como Síndrome de Langer.” (p.685)
“Crianças com mosaicismo celular, com baixa contagem de linhagem 45,X e/ou anomalias estruturais dos cromossomos sexuais, podem ter pouca expressão clínica, não exibindo os sinais clínicos conhecidos na ST como linfedema congênito, ptose palpebral, pescoço
alado, tórax largo, podendo, por isso, ser diagnosticadas como BEI simples.” (p.685)
“ntre as técnicas de Genética Molecular para o estudo de BEI, a análise do microssatélite SHOX CA repeat, localizado na região 5’ UTR (untranslated region) do exon 1 do gene SHOX, tem sido empregada na pesquisa de microdeleções da região pseudoautossômica onde está mapeado o gene SHOX e tem-se mostrado útil na identificação da haploinsuficiência do SHOX (9,13,41).” (p.685)
“De 486 crianças acompanhadas no ambulatório de crescimento do IEDE - Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, 15 (3,1%) tinham diagnóstico de BEI por apresentarem dois ou mais DP abaixo da média populacional da altura, segundo índices referidos por Marques, Marcondes e cols. para crianças e adolescentes brasileiros” (p.686)
“A detecção e amplificação das sondas foram realizadas com anticorpos específicos conjugados à fluoresceina. A identificação e contraste dos sinais fluorescentes foi realizada com 10µl de iodeto de propideo/antifade (0,2mg/µl).” (p.686)
“A extração de DNA genômico foi realizada em sangue periférico, segundo o protocolo de Miller e cols.,e a amplificação da região intragênica SHOX CA repeat foi realizada, segundo a técnica descrita por Belin e cols., com primer “sense” 5’ – CATGTCATATATATATGTGATCC – 3’ marcado com 6-FAM e primer “reverse” não marcado 5’ – GACACAGAAATCCTTCATAAA – 3’. Foram realizadas também com primers “sense” marcados com 6-FAM a amplificação dos microssatélites DXYS233 (5’ –TTGGGAATTCGAGGCT – 3’ e 5’ – TGATTTCCATCCTGGGGGT – 3’) e DXYS234 (5’ – CCCAGATCGCGCCCATT – 3’ e 5’ – ATGGCTCTGAGGCGGG – 3’), localizados, respectivamente, a 0 e 2cM da região telomérica do braço curto de X. A análise dos fragmentos corados com ROX foi realizada na máquina ABI prisma 377, e o tamanho dos alelos determinado pelo programa Gene Scan.” (p.687)
“A importância da análise do cariótipo em meninas com baixa estatura idiopática ficou evidenciada em nosso estudo, ao mostrar a variabilidade da expressão clínica em portadoras de mosaicismo celular tendo a baixa estatura como sinal clínico constante.” (p.670)
“Nas oito meninas com cariótipo normal, a pesquisa de mosaicismo celular por FISH, em células de mucosa oral, foi uma opção para o estudo de mosaicismo por originarem-se do ectoderma, diferentemente dos linfócitos. Além disso, permitiu estudar células em
intérfase, sem necessidade de cultura celular. Outra vantagem foi a possibilidade de, em uma única lâmina, poder ser analisado um maior número de células.” (p.670)
“A sinostose dos ossos do carpo e alterações da articulação do cotovelo são descritas em displasias ósseas mesomélicas como a síndrome de Mesomelia e Sinostose (OMIM 600383), Síndrome de Sinostose Múltipla (OMIM 186400) e Displasia Mesomélica tipo Kantaputra (OMIM 156233). Em todas estas síndromes, as alterações clínico-radiológicas são mais graves do que as apresentadas pela paciente, que deverá ser investigada para mutações do gene SHOX.” (p.691-692)
“Como é conhecido que meninas com ST apresentam resposta favorável ao tratamento com hormônio de crescimento, o diagnóstico de uma anomalia numérica ou estrutural do X no grupo de baixa estatura idiopática modificaria a conduta terapêutica, permitindo que, frente a um diagnóstico precoce, pudessem ser incluídas em programas de terapia com
hormônio de crescimento (9,28,41).” (p.692)
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